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Mood Magazine: “É pai ou enfermeiro dos seus filhos?”

O tema é recorrente no discurso dos especialistas e o conceito da relação saudável entre pais e filhos já é generalizada: as crianças precisam de pais presentes.
Levanta-se então a questão: em que consiste essa presença? Para já, vou abordar uma vertente à qual a presença dos pais não se deve limitar.

A presença não se limita à presença física em casa, refere-se à companhia e partilha de tempo em conjunto. Neste caso, tempo em conjunto não se aplica a tempo de mudar a fralda, dar banho, mudar a roupa ou a dar o medicamento para a febre. Refere-se a tempo de brincadeira, de conversa ou de um gesto de carinho simplesmente porque sim.

Ambas as formas de estar são igualmente importantes porque o amor não é um sentimento que exista por si só, depende de uma relação que esteja a ser vivida com cuidados práticos e com momentos de partilha e prazer.

Existem ainda casos em que as crianças só têm direito a saborear gestos de carinho quando estão doentes, quando o mal-estar é palpável e não há margem para dúvida de que não estão a pedir atenção meramente porque são crianças mimadas. Naturalmente, as crianças precisam de carinho quando estão doentes, mas não só nestas situações. Se assim for, corre-se o risco de fazer a criança acreditar que o carinho está dependente da doença e do mal-estar, seja físico ou emocional. Conhece adultos que só conseguem pedir atenção queixando-se? E se não alimenta a conversa eles reagem como se os estivesse a abandonar?

O cuidar cria uma criança, mas é a partilha que cria um ser humano sensível e confiante.  O carinho deve ser espontâneo. Serve para valorizar características da criança ou situações e ideias que se considerem importantes. Mas também serve quando a criança está triste e precisa de algum amparo e de sentir que há alguém do lado dela, que vai valorizar o que está a sentir e ajudar a perceber como lidar com o que correu mal.

Embora não se possa disponibilizar todo o tempo para as crianças, lembre-se que um pedido de companhia para brincar não é um capricho, é uma necessidade natural que deve ser tão valorizada como um pedido de ajuda.