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Cogitando Sobre Kim Jong-Il

Henrique VIII regeu a Inglaterra pelo lema –“Faz com que te temam, mas que não te odeiem”. Kim-Jong-Il superou com mestria tão afamada estratégia, e faleceu sendo respeitado e amado, certamente não por todos, mas aparentemente por uma maioria.

O adeus fez-se com um povo que, em lágrimas e em bando, chorou um homem que foi seguido como “um pai”, conforme as palavras lamentadas por muitos às câmaras dos media. Esses acontecimentos demonstram a forma de relação entre os filhos daquela nação e o seu “pater”, questão que é de particular interesse em ser pensada.

Na história da evolução social observam-se essencialmente dois grandes modos de congregação, as tribos e as famílias.

As uniões em família, cronologicamente mais evoluídas que as primeiras, caracterizam-se na sua essência por permitir o intercâmbio dos membros, a troca de conhecimentos e, entre outras características, de todas elas é consequente a possibilidade do acto de pensar e evoluir. Daqui se expandiu o que nos dias de hoje, teoricamente, é a democracia.

A tribalidade contrasta com a primeira essencialmente pelas características do líder, o pater, cujo status é adquirido por filiação com o predecessor . A dinâmica social subjacente subentende que a sua palavra é a lei, e a insubmissão é punida com a morte, não há espaço para a individualidade. Das tribos se construíram as formas de governar em monarquia e a ditadura.

Num dos recantos de Lisboa lê-se – “Quanto mais ignorantes, melhor para os governantes” -, reflexão particularmente interessante porque, de facto, o pensamento só alcança aquilo que se conhece, e da ignorância não nasce mudança.

E só pelo desconhecimento da liberdade é possível venerar um líder que cuja liderança apenas enaltece a pior pobreza do povo – a do espírito.